ernando Mendes Soares Gomes nasceu no Porto no dia 22 de Novembro de 1956 no Porto. Foi António Feliciano quem o descobriu para o futebol num torneio de futebol de salão do Académico F.C., levando-o para o Futebol Clube do Porto ainda muito novo. Em 1974/75 e com apenas 17 anos, integrou o plantel principal dos Dragões, orientado na época pelo brasileiro aimoré Moreira. A sua estreia como sénior aconteceu no dia 8 de Setembro de 1974 no Estádio das Antas, na recepção ao G.D. CUF. Os portistas venceram por 2-1 com Gomes a apontar os dois golos dos azuis e brancos na partida inaugural do Campeonato Nacional de 1974/75. Ganhava 12 contos por mês enquanto Cubillas, o artista da altura levava 125 notas de mil para casa. Na época de 1976/77 venceu o seu primeiro Título com a camisola do F.C. Porto. Gomes marcou o unico golo com que os portistas derrotaram o S.C. Braga na final da Taça de Portugal. Gomes Instalou-se com alguma facilidade no onze titular e foi um dos grandes responsáveis pela conquista dos dois Títulos de Campeão de 1977/78 e 1978/79, ao ser o melhor marcador em ambos os campeonatos, com 24 e 27 golos marcados. Com o término da época 1979/80, veio o tão conhecido verão quente: Gomes, juntamente com Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Freitas, Jaime, Quinito, Octávio, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi, saíram em defesa de Pedroto, despedido pelo presidente Américo de Sá, que não apreciava o estilo de guerrilha de Pedroto e Pinto da Costa em relação ao poder de Lisboa. No final desta confrontação, apenas Oliveira e Octávio, não deram o braço a torcer e acabaram por abandonar o clube. Gomes optou por ficar mas seria transferido para o R.S. Gijon no dia 13 Agosto de 1980. O F. C. Porto acertou a transferência, a troco da exorbitante quantia de 60 milhões de pesetas! Dessa quantia, ao avançado caberiam 20 milhões de pesetas, um terço do valor total. No primeiro jogo pelo clube Espanhol, marcou cinco golos ao Oviedo F.C. Mas, felizmente para o F.C.Porto, as coisas não iriam correr muito bem em Espanha. No início da época, Gomes tinha uma lesão grave que se foi complicando, e teve mesmo que ser operado. Em declarações Gomes desabafava: "Confesso que admiti vir a jogar pelo Real Madrid ou pelo Barcelona, mas... fui para Gijon sem qualquer lesão. Mas posso sair, o Gijon só quer o dinheiro que pagou pela minha transferência. Não engano ninguém dizendo que gostaria de voltar ao F. C. Porto, mas se for o Sporting ou o Benfica a contratar-me não deixarei de ser o mesmo profissional."
No início da época 1982/83 Gomes já estava de regresso ao F.C.Porto, à sua
plena forma e com uma fome de golos impressionante. Nesse ano seria o melhor
marcador da Europa e vencedor da Bota de Ouro com 36 golos, repetindo a graça
em 1984/85 com 39 tentos apontados. Em 1983/84, foram os seus golos que levaram
a equipa à final de Basileia, ingloriamente perdida para a Juventus F.C.. Ainda
nessa temporada venceu a Taça Associação de Futebol do Porto e a Supertaça
Cândido de Oliveira. Na época seguinte voltou a conquistar a Supertaça Cândido
de Oliveira e pela terceira vez sagrou-se Campeão Nacional. Em 1985/86 repetiu
a vitória no Campeonato Nacional, quando os portistas fazem uma segunda volta
sem uma unica derrota (12 vitórias e 3 empates).
1986/87 Gomes foi um dos protagonistas da fantástica caminhada até Viena, na
Austria, onde os Dragões venceram os alemães do F.C. Bayern Munique por 2-1 na
final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, uma partida que Gomes falhou devido
a lesão. Ainda nessa temporada ajudou a vencer mais uma Supertaça Cândido de
Oliveira. Na época de 1987/88 continuaram as grandes vitórias, nacionais e
internacionais e em todas elas com o contributo de Gomes. A primeira conquista
foi a Taça Intercontinental, disputada no dia 13 de Dezembro em Tóquio, em que
o F.C. Porto derrotou os uruguaios do C.A. Peñarol por 2-1 com Gomes a
inaugurar o marcador aos 41 minutos e Madjer a fechar aos 109. Precisamente um
mês mais tarde os Dragões ganham a Supertaça Europeia ao vencer os holandeses
do Ajax F.C. por 1-0 nos dois jogos, em Amesterdão Rui Barros foi o marcador do
golo depois de uma assistência de Gomes e nas Antas foi Sousa a confirmar a
vitória dos azuis e brancos. Depois Gomes conquistou o Campeonato Nacional em
que os Dragões obtiveram mais vitórias (29), Mais golos marcados (88), menos
golos sofridos (15), menos empates (8) e menos derrotas (1). Em Junho e a
fechar uma temporada de sonho, os portistas vencem a Taça de Portugal. Gomes
termina a época com 39 jogos disputados e 22 golos marcados. Mas em Novembro de
1987 iriam começar os problemas. Tomislav Ivic, assumiu numa entrevista que
“Gomes é finito!” e lançou no clube uma confusão danada. No jogo sa segunda-mão
da Supertaça Europeia frente ao Ajax F.C. de Cruyff, Ivic trocou Gomes por
Jorge Plácido antes do final do jogo e ouviu a maior assobiadela da sua
carreira. Porquê? Porque o, então, Jugoslavo impediu Gomes de erguer um troféu
internacional em pleno Estádio das Antas… grande parte dos portistas nunca lhe
perdoou. Sobre a possibilidade de abandonar o futebol, Gomes dizia: “Se penso
na retirada? Vivo o presente e não sou astrólogo, mas tenho um amigo astrólogo
que me disse que jogaria mais quatro anos...”. As coisas entre Gomes, a
direcção e a equipa técnica estavam tudo menos pacíficas e sabia-se que a única
coisa que mantinha Gomes no F.C.Porto era o carinho que a massa associativa
tinha pelo avançado, facto que o avançado sabia usar como ninguém. Em Junho
tudo parecia voltar aos eixos quando Ivic saiu do clube. Gomes renovava o
contrato e Quinito, o novo treinador afirmava: “Comigo… é Gomes e mais dez”. O
problema é que Quinito não se aguentou muito tempo à frente da equipa técnica e
voltaram Artur Jorge e Octávio, dois velhos conhecidos. As coisas andavam outra
vez bastante tensas, quando o F.C.Porto teve uma deslocação à Madeira para
enfrentar o Marítimo S.C. O avião atrasou-se e a comitiva chegou ao hotel
apenas às 23 horas, ainda sem jantar. Quando por volta da meia-noite o jantar
começou a ser servido inicialmente pelas mesas VIPs (Dirigentes e técnicos),
como era normal, Fernando Gomes levantou-se e insurgiu-se com o facto
essencialmente devido ao adiantar da hora. Octávio Machado interviu e disse que
ele, Fernando Gomes, “não mandava ali”. Gomes respondeu que “era o capitão”…
mas acabou por insultar Octávio chamando-lhe: “Palhaço e bufo dos tempos do sr.
Pedroto”. O Bi-Bota acabou com um processo disciplinar e suspensão de todas as
actividades. Respondendo a um jornalista sobre as razões da perseguição que se
dizia alvo, Fernando Gomes referiu: “A primeira razão relaciona-se com o
invejável apoio e carinho que granjeei junto da massa associativa do F. C.
Porto e público em geral. A segunda razão é a identificação que se faz entre a
minha figura e o F. C. Porto”. É preciso notar que Gomes teve uma dimensão
nacional e internacional enorme. Devido ao apoio contagiante que tinha nos
adeptos, o seu peso dentro do clube era considerado exagerado pela
administração e obviamente que os problemas tinham que surgir. Em Junho do ano
de 1989, Gomes provocava uma dor de alma na maior parte dos portistas ao
abandonar o F.C. Porto. Ao serviço do Dragões, Gomes jogou durante 13
temporadas, conquistou 15 Títulos, disputou 455 jogos oficiais e marcou 347
golos. Venceu 6 Bolas de Prata e 2 Botas de Ouro.
Em 1989/90 ingressou no Sporting C.P. onde jogou durante duas temporadas até
terminar a sua carreira no final da época de 1990/91. O Astrólogo acertara!
Ainda pisaria o relvado das Antas ao serviço do clube leonino, sendo recebido
por uma mistura de palmas e assobios. Com a camisola do emblema de Alvalade,
Gomes disputou 79 partidas oficiais e apontou 38 golos. O ultimo jogo que
disputou foi no dia 26 de Maio de 1991 no Estádio José de Alvalade, quando os
leoninos receberam e venceram o Gil Vicente F.C. por 2-0, no ultimo jogo do
Campeonato Nacional de 1990/91. Foi também nessa partida contra os barcelenses
que Gomes marcou o seu ultimo golo da carreira ao apontar o segundo golo dos
Leões.
Fernando Gomes foi um avançado fantástico. Excelente no jogo de cabeça, um
posicionamento perfeito, movimentava-se muito bem na área, fazia jogo com os
companheiros mais atrasados, abria espaços para entrada de colegas e tinha um
instinto pelo golo que era qualquer coisa de fenomenal. Foi um dos mais
carismáticos Capitães que o F.C. Porto já viu e com certeza o avançado mais
completo que envergou aquela camisola. Em 2010 voltou ao Futebol Clube do Porto
para assumir o cargo de Director de Relações Externas. em Outubro de 2016
passou a ocupar o cargo de Director de Scouting dos Dragões. Faleceu em 26 de
Novembro de 2022.
fonte:
Blog Estrea do F.C. DO PORTO- 2009
texto
retirado com a devida autorização do blog: paixaopeloporto.blogspot.com
Publicada
por Paulo Moreira
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