domingo, 10 de setembro de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA


         

MEU AMOR MINHA CIDADE


Meu Porto bordado a ouro
Nas finas rendas do Douro
Meu amor minha cidade
Ó minha jóia em granito
Que guardas em ti o grito
Do teu povo à liberdade

Do Bonfim à Cantareira
Do Amial à Ribeira
Cada rua tem historia
Foi do “Ouro” triunfante
Que partiu o nosso Infante
 A caminho da glória

Ó meu Porto destemido
Que nunca foste vencido
E adoras o S. João
E por lutares lado a lado
Com o nosso Rei Soldado
Ele deu-te o coração

A tua maior medalha
É teu povo que trabalha
Tripeiro mas com vaidade
És nobre e sempre leal
Deste o nome a Portugal
Nossa senhora te guarde


                                                                                                                                         
                                                                 Ermesinde/2014
                                                                 Manuel Carvalho


Fim



COISAS E LOISAS




segunda-feira, 4 de setembro de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA


continuação

Depois foram acabando as ilhas, Foi quando os bairros do Regado e do Agra, do Pio XII e da Pasteleira, do Duque Saldanha e de Contumil, de S. Roque e do Cerco, foram fazendo o S. João que as suas gentes levaram para lá. Até que mesmo aí, foi lentamente acabando, hoje poucos bairros ainda fazem o S. João. Os carolas vão morrendo e a malta nova não está para ter trabalho, prefere beber umas cervejas e andar em fila indiana a correr pela baixa de martelinho em punho, ou assistir a concertos do Abrunhosa ou dos Clãs, que pode cantar muito bem e até serem do Porto, mas não cantam ao S. João como o “Mafra” cantava.
Nos dias de hoje o S. João tornou-se mais cosmopolita e em alguns casos mais selectivo. Sofisticou-se um pouco, mas continua a ser uma festa onde de ricos e pobres convivem uma noite inteira de fraternidade e de festa. Uma coisa nunca muda, porque este povo é teimoso e está agarrado ás suas tradições. Nessa noite, (considerada por muita gente a mais democrática do mundo), da Praça da Liberdade à Ribeira, da Sé ás Fontainhas, um mar de povo enche a cidade numa madrugada ímpar no mundo, com a festa mais popular e solidária, numa manifestação de alegria sem limites, esquecendo as politiquices e os problemas que a vida tem por uma noite de festa e como diz o povo na sua sabedoria:“Tristezas não pagam dividas”.
Mas a 25 de Junho... Já não volta a ser a cidade que acordava com as vendedeiras do Bolhão e as peixeiras na Ribeira, com os operários que corriam para as oficinas, ao som dos canudos das fábricas, saltando do eléctrico ou montados nas bicicletas com a marmita no quadro, fazendo esta cidade fervilhar de vida, não como hoje se tornou triste e deserta. Apesar de ser património da humanidade, a cidade do Porto que já foi capital do trabalho, da democracia e da liberdade será sempre a minha Cidade do Porto, mais tarde escrevi esta letra para um fado que a Maria Augusta cantou:

continua
 



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