continuação
Depois
foram acabando as ilhas, Foi quando os bairros do Regado e do Agra, do Pio XII
e da Pasteleira, do Duque Saldanha e de Contumil, de S. Roque e do Cerco, foram
fazendo o S. João que as suas gentes levaram para lá. Até que mesmo aí, foi
lentamente acabando, hoje poucos bairros ainda fazem o S. João. Os carolas vão
morrendo e a malta nova não está para ter trabalho, prefere beber umas cervejas
e andar em fila indiana a correr pela baixa de martelinho em punho, ou assistir
a concertos do Abrunhosa ou dos Clãs, que pode cantar muito bem e até serem do
Porto, mas não cantam ao S. João como o “Mafra” cantava.
Nos
dias de hoje o S. João tornou-se mais cosmopolita e em alguns casos mais
selectivo. Sofisticou-se um pouco, mas continua a ser uma festa onde de ricos e
pobres convivem uma noite inteira de fraternidade e de festa. Uma coisa nunca
muda, porque este povo é teimoso e está agarrado ás suas tradições. Nessa
noite, (considerada por muita gente a mais democrática do mundo), da Praça da
Liberdade à Ribeira, da Sé ás Fontainhas, um mar de povo enche a cidade numa
madrugada ímpar no mundo, com a festa mais popular e solidária, numa
manifestação de alegria sem limites, esquecendo as politiquices e os problemas
que a vida tem por uma noite de festa e como diz o povo na sua sabedoria:“Tristezas
não pagam dividas”.
Mas a 25 de Junho... Já não
volta a ser a cidade que acordava com as vendedeiras do Bolhão e as peixeiras
na Ribeira, com os operários que corriam para as oficinas, ao som dos canudos
das fábricas, saltando do eléctrico ou montados nas bicicletas com a marmita no
quadro, fazendo esta cidade fervilhar de vida, não como hoje se tornou triste e
deserta. Apesar de ser património da humanidade, a cidade do Porto que já foi capital
do trabalho, da democracia e da liberdade será sempre a minha Cidade do Porto,
mais tarde escrevi esta letra para um fado que a Maria Augusta cantou:
continua
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