segunda-feira, 12 de junho de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA


continuação
   
A Festa dos Passeios

No Grupo Excursionista lá da rua, “Haja Paz e Harmonia”, era o Sr. Joaquim corcunda que organizava as excursões, cheguei a ir em pequenito a muitos lugares do Minho e Trás-os-Montes. Mais tarde em Vale Formoso, com o Grupo “Estrela de S. Dinis”, onde meu pai foi vice-presidente e o meu primo Arlindo tesoureiro, cheguei a visitar muitas terras do sul, pelo menos até Setúbal e Castelo Branco. Com o grupo, fui pela primeira vez a Lisboa em 1957, mesmo na altura em que foi demonstrada a RTP na Feira Popular em Palhavã.
Esses dias de passeio, eram esperados com grande ansiedade, pois além da festa que proporcionavam, visitavam-se locais que só na escola se ouviam falar e mais uma vez havia roupa nova para estrear...
Normalmente às sete da manhã, lá estava-mos todos na esquina da Lapa porque a camioneta não entrava na rua. De máquina fotográfica a tiracolo, garrafões e cestos de verga para o pic-nic, que normalmente constavam de frango assado, bolinhos de bacalhau e regueifa. Lá íamos ao Bom Jesus a Braga, à Senhora dos Remédios a Lamego ou ao Parque de La Salette em Oliveira de Azeméis.                
Durante a viagem era hábito dos excursionistas cantarem até ficarem roucos. Vá-se lá saber porquê! Não havia excursão sem cantorias e que não se ouvisse:

Ó Rosa arredonda a saia / Ò Rosa arredonda bem
Ó Rosa arredonda a saia / Olha a roda que ela tem...
Ou então:
Digo adeus á serra d’Agra / Digo adeus ao S. Lourenço
Não te digo adeus a ti /Porque sabes o qu’eu penso.

Canções populares, simples e ingénuas como:

Quem m’ensinou a nadar / Foi o peixinho do mar
Foi, foi, foi moreninha / Foi o peixinho do mar.

Ou então:

O Mar enrola n’areia / Ninguém sabe o que ele diz
Bate n’areia e desmaia / Porque se sente feliz.

Haviam naquela época, cantigas de cariz popular, assim como, as lenga-lengas que em miúdos aprendíamos, por exemplo, quando víamos um caracol:

Caracol, caracol / Põe os corninhos ao Sol.

Ou ao vermos uma Joaninha:

Joaninha voa, voa /Que o teu pai está em Lisboa.

Ou para secar a ardósia na escola, depois de molhada:

Seca aqui, seca acolá / Que amanhã vem o papá.


continua
 




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