terça-feira, 10 de janeiro de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA



continuação

Também aos domingos o Sr. Joaquim Corcunda, vinha receber a cota semanal de vinte e cinco tostões para a excursão no verão e tomava nota no cartão com cinquenta quadradinhos onde se lia: Grupo Excursionista “Haja paz e Harmonia”.
A Dona Ermelinda que morava na Ramada Alta e vendia ouro a prestações, também vinha receber aos domingos lá na rua, sempre de livro em punho.
De tarde, a malta ia ver o Salgueiros quando jogava em casa. Íamos aos magotes por S. Brás, passávamos ao campo do Porto na Constituição (o FCP já jogava nas Antas desde 1952), metíamos ao Covêlo, descíamos as escadas de S. João e estávamos na rua Augusto Leça, no campo Eng.º Vidal Pinheiro. Na entrada do campo, pedia-mos: «Meu senhor leve-me consigo...».
E lá entravamos sem pagar, para ver a nossa equipa do coração. Na altura, o Salgueiros tinha uma grande equipa e era assim: Barrigana, Chau, Carvalho, Porcel, Mário, Eleutério, Tito Blanco, Longo, Teixeira, Tai e Benje.
Quando o Salgueiral não jogava em casa, ficava-mos a jogar à bola no campo do Covêlo e nesses dias, o Tino levava a bola de câmara-de-ar que tinha ganho com os rebuçados “Vitória”. O Senhor António, pai do Tino, era o nosso treinador no Grupo infantil da Lapa. Treinávamos no campo da “Tutoria” para entrar no Torneio Infantil do Salgueiros. Eu era guarda-redes suplente o Gabriel era o titular. Nessa equipa jogavam além do Tino e do irmão, o Zequinha, o Chico-ervilha, o Zeca da Amélinha, o Guruga, o Zé Augusto e o Cocas. Tínhamos todos, cartão da Associação de Futebol do Porto com uma fotografia tirada na Foto Ramada Alta. Mas, o cartão que mais me orgulhava era o de sócio infantil do Salgueiros, que o meu pai e a minha madrasta me deram quando fiz dez anos, por nunca ter perdido nenhum ano na escola. A cota naquele tempo era de vinte e cinco tostões por mês.
Só voltei a jogar futebol muitos anos depois na baliza das reservas do Sporting Clube da Cruz, daí fui para os Águias da Areosa, quase na altura da sua fundação no café Cabinda pelo Sr. Avelino, o Sr. Alfredo e outros amigos que não me recorda o nome. Joguei mais a brincar do que outra coisa, com o Zé Guilherme, Barbosa, Lino, Murça, Zequita, Moka, João e muitos mais. Aliás, foi dali (muitos anos mais tarde) que saiu para o Boavista o João Pinto que era do bairro do Falcão. Mais ao menos nessa altura, tinham começado os campeonatos de Futebol Amador e os rivais dos Águias, eram o Lusitano de Pedrouços e os Unidos ao Porto do Bairro João de Deus.      
Foi numa época em que na Areosa, ainda havia a fábrica de tecidos do Manuel Pinto de Azevedo, onde trabalhavam centenas de mulheres bonitas que davam vida ao lugar as “pataqueiras”como lhe chamavam. Na altura, ainda haviam os postos da PVT (Policia de Viação e Trânsito) nos cruzamentos da Circunvalação, a estrada era cheia de árvores que contornava a cidade. Hoje, com viadutos, VCI’s e outros acessos, desta estrada fresca por onde íamos ao domingo de manhã no 78 para a praia, pouco resta.

continua


 

Sem comentários:

Enviar um comentário