segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA



continuação

Depois de mais este passeio pela memória, volto à Irmandade da Lapa para vos falar do Cemitério privado que é dos primeiros da cidade e foi inaugurado em 1838. Já em 1833 a Irmandade mostrava interesse em construir um cemitério moderno, pois com a situação deixada pelo Cerco do Porto era difícil conter o surgimento de epidemias muito mortíferas. Foi necessário recorrer ao chão de algumas igrejas que nem estavam totalmente construídas como foi o caso da Trindade.
Numa situação de transição, foi preciso estabelecer um cemitério interino, por detrás da capela-mor da Igreja da Lapa. O cemitério actual foi começado a construir em 1835 e nele repousam os restos mortais de Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, Coronel Pacheco, Soares dos Passos, entre outras figuras célebres desta cidade das camélias, das sardinheiras e acácias, a nossa “Mui Nobre e Sempre Leal a Invicta Cidade do Porto”. 


O Meu bairro


A Lapa pertence à Freguesia de Cedofeita, uma das freguesias mais burguesas do burgo tripeiro, mas sempre teve nos seus limites, bairros de operários de gente modesta e muito bairrista, como a Lapa com suas ruas, escadinhas e vielas. Eu nasci na rua da Glória que tem a sua história ligada ao Cerco do Porto, foi assim:
«Tanto Miguelistas como os Constitucionais, partidários de D. Pedro IV, construíram em redor da cidade as suas linhas de defesa. Dentro dos limites da freguesia de Paranhos, a linha fortificada dos Liberais passava pelo Carvalhido (daí o nome da praça do Exercito Libertador), fortes de S. Paulo, da Glória e de S. Brás, quartéis do Monte Pedral, baterias de D. Pedro e Aguardente (Marquês do Pombal) e das Medalhas. Redutos do Covêlo e das Antas. A bateria da Glória, defendia os vales de Paranhos e Regadas, tendo em frente dela, a bateria das medalhas, dominando o vale de S. Mamede. Esta bateria das Medalhas situava-se entre o Monte Pedral e a rua de Monsanto, tomou este nome pelas muitas condecorações que ganharam os seus defensores, na acção de 9 de Setembro de 1832. Só muito mais tarde nasceu esta rua, no local onde estava a bateria e que ainda existem vestígios no Monte da Lapa.

continua



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