continuação
A corrida ao consumismo chega ao cúmulo de
se importarem ideias para gastar o que não se tem. Agora dá-se muito valor aos
americanizados dias de S. Valentim e das Bruxas (Halloweem), por exemplo. As
grandes superfícies comerciais, possuem corredores com alas inteiras de
produtos impensáveis há 50 anos (bem, também não haviam supermercados…).
Vejam o caso dos cães e gatos, com este
súbito amor aos animais (ou moda?), vendem-se almofadas, alcofas, ossos de
borracha, champô, escovas, alimentos diversos, lacinhos e outros artefactos.
Abrem-se lojas para animais (pet-shop’s), clínicas veterinárias e hospitais e
pasmem, hotéis para cães.
Inverteram-se os valores do racionalismo, os
cães são agora mais importantes que os seres humanos, quando existem pessoas
que dormem pelos passeios e remexem os contentores do lixo em busca de
alimentos, em vez dos cães vadios ou os vira-latas do meu tempo. Tantos cãozinhos ao colo das "madames" e tantas crianças para serem adoptadas...
Mesmo a festa mais consagrada à família como
o Natal, está a tornar-se uma corrida louca ao consumismo, quantas vezes com
desperdícios enormes... Compreendo a euforia dos primeiros anos da revolução de
Abril, em que os portugueses finalmente tiveram acesso a tudo que nunca tinha
tido, desde as revistas pornográficas aos filmes proibidos como o “Último tango
em Paris”. Já não era preciso ir comprar às escondidas em Cedofeita, no Sérgio
alfarrabista, o “Copacabana Posto 6” da Cassandra Rios, nem ter 21 anos de
idade para ver “Helga, o segredo da maternidade”. Também minha alegria foi
enorme, quando pude comprar no Natal de 77, com o primeiro 13º mês que recebi
na vida, uma caixa de “Legos” para dar ao meu filho. Recordo que fui eu quem
brincou toda a noite, com aquelas peças de encaixar que me fascinavam há tantos
anos.
continua
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