segunda-feira, 15 de maio de 2017

SÓTÃO DA MEMÓRIA




continuação



A corrida ao consumismo chega ao cúmulo de se importarem ideias para gastar o que não se tem. Agora dá-se muito valor aos americanizados dias de S. Valentim e das Bruxas (Halloweem), por exemplo. As grandes superfícies comerciais, possuem corredores com alas inteiras de produtos impensáveis há 50 anos (bem, também não haviam supermercados…). 

Vejam o caso dos cães e gatos, com este súbito amor aos animais (ou moda?), vendem-se almofadas, alcofas, ossos de borracha, champô, escovas, alimentos diversos, lacinhos e outros artefactos. Abrem-se lojas para animais (pet-shop’s), clínicas veterinárias e hospitais e pasmem, hotéis para cães.

Inverteram-se os valores do racionalismo, os cães são agora mais importantes que os seres humanos, quando existem pessoas que dormem pelos passeios e remexem os contentores do lixo em busca de alimentos, em vez dos cães vadios ou os vira-latas do meu tempo. Tantos cãozinhos ao colo das "madames" e tantas crianças para serem adoptadas...

Mesmo a festa mais consagrada à família como o Natal, está a tornar-se uma corrida louca ao consumismo, quantas vezes com desperdícios enormes... Compreendo a euforia dos primeiros anos da revolução de Abril, em que os portugueses finalmente tiveram acesso a tudo que nunca tinha tido, desde as revistas pornográficas aos filmes proibidos como o “Último tango em Paris”. Já não era preciso ir comprar às escondidas em Cedofeita, no Sérgio alfarrabista, o “Copacabana Posto 6” da Cassandra Rios, nem ter 21 anos de idade para ver “Helga, o segredo da maternidade”. Também minha alegria foi enorme, quando pude comprar no Natal de 77, com o primeiro 13º mês que recebi na vida, uma caixa de “Legos” para dar ao meu filho. Recordo que fui eu quem brincou toda a noite, com aquelas peças de encaixar que me fascinavam há tantos anos.

       



continua



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